quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Para Falar a Verdade


Quando Bertolt Brecht escreveu — "a verdade é filha do tempo e não da autoridade" — denunciava o esforço autoritário de impor dogmas que não resistem à cobrança mais radical de todas. As verdades cujo prazo de validade se esgota em alguns anos são mentiras camufladas, manipulação da linguagem, arremedos de verdade que, como tais, causam medo, e não alegria.
Conhecer gera prazer. O prazer intelectual de analisar, compreender, sintetizar, rever, concluir, ampliar... é um dos prazeres mais intensos já experimentados pelo ser humano. Conhecer significa buscar a verdade, falar a verdade, revisitar a verdade, sem pagar nenhum tributo a modas fugazes, a preferências pessoais ou a interesses políticos — conhecer é buscar e encontrar o quid das coisas, ou, como dizia Guimarães Rosa numa frase enigmática: o quem das coisas.
Conhecer é encontrar. Encontrar uma verdade exige método. E talvez um dos métodos mais resistentes ao tempo (e por este confirmado) seja o adotado por um frade do século XIII, Tomás de Aquino, que consiste em apresentar frases de autores consagrados, entendê-las e contestá-las com todo o rigor, e chegar a novas verdades, sem se preocupar em agradar gregos ou árabes, cristãos ou pagãos, agostinianos ou dominicanos, até mesmo tomistas ou anti-tomistas. Seu único desejo é detectar, verbalizar a verdade.

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